terça-feira, 19 de outubro de 2010

FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DAS MULHERES NEGRAS NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX.

Como elas enfrentavam o Preconceito?

Autora: Neomênia de Oliveira Ayres de Lima.
Orientadora: Msc. Maria da Glória Dias Medeiros.
INTRODUÇÃO

Este projeto se refere às formas de organização das mulheres negras, durante o final do século XIX(período entre 1870 a 1900).  Revisita as principais atividades de trabalho por elas desenvolvidas. Como tinham acesso à educação. Religiosamente, quais as posturas adotadas durante este processo. Aborda outras formas de encontro/socialização (cultura). Além disso, aponta como enfrentaram o preconceito por serem mulheres e negras.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Tomamos os Annales, como referencial teórico, pois acreditamos que os aspectos sociais são imprescindíveis para que possamos compreender as especificidades de uma época.
Pesquisas referentes às mulheres são algo recente na historiografia e ocorreu em conseqüência do advento da Escola dos Annales(Início do século XX), a qual está associada a Nova História; que surgiu em oposição ao modelo tradicional, amplamente praticada no século XIX.
Assim, com base na história social, problematizamos a questão da mulher, buscando compreender o seu papel na nossa sociedade, bem como sua luta para defender os seus direitos e romper com a discriminação a ela imposta.

MÉTODOS 

Para analisar os diferentes papéis desempenhados pelas mulheres negras no Recife, no período entre 1870 a 1900, enfatizando a abrangente e definitiva herança africana na formação do país, utilizamos pesquisas bibliográficas somado às pesquisas documentais no Arquivo Público de Pernambuco.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Quando a Revolução Francesa estendeu aos cinco ventos do universo a sua gloriosa bandeira, a mulher dava exuberantes provas de que foi predestinada para as grandes lutas sociais, para o futuro da democracia moderna.
No Brasil, na era em que imperavam a monarquia e a escravidão, surge no seio da população pernambucana um núcleo de senhoras bem intencionadas, querendo quebrar os elos das grossas correntes que prendem os pulsos de nossos irmãos. “Ao lado desses artigos, testemunhas da cultura dessas mulheres, de sua politização de sua consciência da modernidade (...) apelam, principalmente, para sentimentos humanitários e “femininos” do amor, da caridade, da compaixão”.
 As mulheres são mães de família, e por definição devem levar avante um projeto de vida para a pequena comunidade que dirigem, a dos filhos e marido...
É essa crença no futuro do país que se inscreve desse modo na grande marcha da humanidade em direção à plena liberdade dos seres humanos, que marca a luta das mulheres pernambucanas em prol da Abolição. O esforço produzido em favor da libertação de escravos, através da compra de cartas de alforria é louvável e uma prova do vigor com que lutaram. Porém documentos que nos deixaram, de diversas manifestações, sejam eles através de certidão de nascimento, óbito por conta dos inventários, testamentos, cartas de alforria, artigos publicados nos jornais de maior circulação da cidade do Recife, tudo isso é um testemunho do desejo político que animava um protesto e um espaço de reflexão. Sobre o destino do país, de um modo geral, sobre o destino das mulheres em particular, indivíduos que lutavam por um lugar no espaço público, cientes de que ali poderiam exercer uma colaboração efetiva. Enquanto seres humanos, enquanto mulheres, enquanto cidadãs do mundo.
(Partes deste Resultado e Discussão se encontram em FERREIRA et al, 1999 e MONTENEGRO, 1981).

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

No desenvolvimento deste trabalho, todo o enfoque foi dado à atuação das mulheres e cada um dos aspectos dessa luta dependeu de sua forma de aparecer e poder se mostrar. Para isso era necessária ousadia e foi o que não lhes faltou. Mesmo diante de um cenário totalmente adverso, conseguiram atuar, e melhor, conseguiram semear grãos futuros de insubmissão ao que precisava ser mudado.
Este trabalho é um construto de um corpus significativo e contribui para que uma parte de nossa história se torne conhecida. Constitui um esforço de estudar as questões de gênero feminino, sob o enfoque também da história social, onde utilizou associada a outras categorias analíticas como raça (etnia-negra), espaço (Recife) e tempo (século XVIII e XIX).
O resultado obtido sob análise dessas pesquisas, tanto com referências bibliográficas, somada a fontes documentais (Arquivo Público de PE), foi o resgate dessas vozes femininas antes silenciadas pela historiografia e o reconhecimento da sua ação perante o processo histórico.
(Partes destas Considerações Finais se encontram em: FERREIRA et al, 1999, p. 103,104 e 109.).

PALAVRAS-CHAVE: Mulher, negra, cultura, preconceito.

REFERÊNCIAS:

CARVALHO, Marcus. Caminhos de Liberdade. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 20, nº 39, 2000.
FERREIRA, Luzilá Gonçalves. et al. Suaves Amazonas: Mulheres e Abolição da Escravatura no Nordeste. Recife, Editora Universitária da UFPE, 1999.
MONTENEGRO, Ana. Ser feminista ou não? 1ª Edição.Guararapes, PE Editora, 1981.
SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital. Dicionário Mulheres do Brasil. 1ª Edição. Jorge Zahar Editores, 2000.
SCHWARCZ, Moritz Lilia. O espetáculo das raças. 1ª Edição. Cia das letras Editora, 2000

Nenhum comentário:

Postar um comentário